terça-feira, 22 de janeiro de 2013

387# Palestras da semana de Psicologia: "A vida tem mais celebrações do que ressacas"

 
Hoje, terça-feira, 22 de janeiro, depois da minha aula de Inglês, fomos a uma palestra de Psicologia, por causa dos festejos da semana de Filosofia e Psicologia - coisas da minha escola que fazem com que não tenhamos aulas. ^.^ 
Como qualquer pessoa normal, a minha vontade era nem ir à palestra e ficar na conversa com os meus quatro rapazes, a Pi e os gémeos. No entanto, como o G., um dos gémeos, não gosta de faltar às aulas, acabamos por ir à palestra e, honestamente, bendito seja o me querido colega, porque ele fez-me ver uma das melhores palestras de sempre! Juro. Foi tão simples, tão honesta e fora de problemas técnicos, sem um grande público, três turmas apenas e, devido a greve, menos alunos do que era esperado.
O meu professor de Psicologia fez a Introdução ao tema e, o convidado, Luís Bettencourt Moniz, seguiu com a conversa, que era sobre ele mesmo.
Antes de vos explicar o porquê de esta ter sido uma das melhores palestras a que já assisti, deixem-me dizer que Psicologia é uma disciplina com uma matéria interessante, mas que não me atrai. O professor deixa-me aborrecida e as aulas dão-me vontade de dormir, porém, aprender o que a Psicologia tem para ensinar, já me alegra. E, recentemente, começamos a trabalhar o tema da Cultura, tendo já trabalhado o a Genética e o Cérebro, três pontos essenciais para a transformação do Homem. E, o que o stôr quis que nós víssemos no nosso condado, é essa mesma transformação, ao ponto de não só relacionarmos com a matéria, mas para termos um exemplo vivo da versatilidade do ser humano.
Luís Moniz tem 49 anos, um filho e é casado. É diretor de uma empresa de informática (se não me engano) e adora tudo o que faz. Definiu-se com um amante de ideias, conhecimento e pessoas. Ele começou por falar sobre a sua vida na adolescência, dizendo que "há trinta anos atrás eu estava no vosso lugar, no décimo segundo ano. Tinha as manhãs todas ocupadas e as tardes todas livres. Como tal, sentia que tinha de ocupar o meu tempo livre, por isso, arranjei um trabalho numa loja que vendia calculadoras. Hoje em dia isso não é fascinante, mas antes uma calculadora era uma loucura, principalmente quando elas começaram a guardar os cálculos. Desligávamos a máquina e, quando ligássemos, as contas continuavam lá. E, apenas hoje, entendo como é que essa experiência foi gratificante."
Luís Moniz diz que trabalhar atrás do balcão para alguém, é simplesmente trabalhar para alguém e isso não é mau de todo. Ele teve a oportunidade boas pessoas, más pessoas, gente mal-disposta e gente bem-disposta. E isso permitiu-lhe saber o que é que as pessoas queriam e como é que ele podia ajudá-las, de alguma maneira.
Quando terminou o seu décimo segundo, teve de se inscrever para a universidade e, ele não sabia o que é que queria, tanto, que afirmou: "Se me perguntassem, aos dezassete anos, o que é que eu queria ser, não saberia responder." No entanto, optou por Geologia. Estava em ciências, teve a disciplina durante dois anos, tinha jeito para aquilo e, como quase ninguém inscrevia-se para aquele curso, candidatou-se. E entrou. No seu terceiro ano de curso, surgiu, pela primeira vez, um computador para um curso, contudo, a programação dos computadores não era acessível a toda a gente, por isso, ele como uma pessoa curiosa, começou a estudar sistemas de informática e programas, descobrindo assim uma nova paixão, para além da escrita. O nosso convidado costumava escrever para ele mesmo, isto é, tinha uma escrita muito privada, sentimental. "Tinha um caderno onde, semanalmente, ia escrevendo os meus pensamentos, os meus sentimentos e, de algum modo, achava aquilo estranho, porque os diários eram para as raparigas."
Dizendo que não sabia se ele tropeçava nas coisas ou se as coisas é que iam contra ele, aproveitou o facto de encontrar a informação sobre um workshop de teatro para aprender mais sobre expressão corporal e projeção de voz. Contudo, acabou por descobrir outro interesse, outra paixão. Aí, endireitei-me ainda mais na cadeira e fitei-o com ainda mais interesse: aquele homem gostava de escrever e de fazer teatro. Lembrei-me de mim. Não só pelas atividades, mas também pela sua forma de falar sobre o que fazia e como gostava realmente do que podia realizar sobre um palco e com uma caneta e papel.
Durante seis meses, no workshop, ele e os seus colegas treinaram uma peça que se estreou n’A Barraca, um espetáculo pequeno. Uma hora antes do espetáculo, ele esqueceu-se de todas as suas falas, porém, em palco, recordou-se de tudo e fez a peça. Em seguida, ele perguntou: “Há aqui algum grupo de teatro?” Respondemos que sim e “Se há, façam teatro. Inscrevam-se, saiam da vossa zona de conforto, porque o Teatro leva-vos a testar os vossos limites.” E aqui vê-se o porquê de a quinta arte ser tão desafiante, atrativa para mim. Testa os meus limites, obriga-me a ser mais do que sou e a ir além do que já fui. “Decorar um texto, é fácil, senti-lo, não.” Quando ele disse isto sorri por completo e fitei-o super contente. O A. Olhou para mim e abanou a cabeça e chamou-me criança, olhei-o de soslaio e dei-lhe um murro no soco, mesmo sabendo que concordava com o que ele disso. Sim, sou uma criança e nunca vou deixar de sê-lo. E sabem que mais? Saber disso é das melhores coisas que há.
Um pouco depois, ele regressou ao tema da escrita, relacionando-a com a Informática, a sua principal paixão e o que gere atualmente como profissão.
Como ele gostava de escrever, mandou um FAX a o diretor de um dos jornais que ele lia a sugerir a existência de uma secção relacionada com aparelhos eletrónicos e informáticos. Duas semanas depois, por telefone, o diretor do jornal contactou-o, propondo-lhe que escrevesse, todas as semanas, duas páginas sobre o tema que ele havia sugerido. Segundo as suas palavras, sentiu que caía sobre ele um grande peso, que aceitou, por ser um desafio. Relacionando a sua escrita pessoal com a do jornal, ele falou-nos sobre ter publicado um dos seus contos. "Tinha acabado de ser pai, já tinha plantado uma árvore e algo meu ia ser publicado. Logo, por isso, estava mais do que excitado." Para quem não sabe, dizem que para o Homem sentir-se completo, tem de plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Sem qualquer ordem correta. Até agora, só plantei uma árvore, quem sabe este ano escreva um livro.
Além da Escrita, da Informática e do Teatro, Luís Bettencourt tem outro hobbie ou paixão, como quiserem chamar-lhe: O Desenho
Aqui, eu calei-me, mordi o lábio e recebi um encontrão do meu lado direito, era o A., que me disse: - Olha, és tu, numa versão masculina e adulta. E eu sorri-lhe e não lhe disse nada, porque era o que eu estava a pensar.
Entre tanta conversa, ele disse algo engraçado, interessante, para mim: "A minha mentora de desenho disse-me uma vez: Tens de saber as regras antes de poderes quebrá-las." E, tal como serve para o desenho, esta regra serve para tudo na vida. Primeiro há que conhecer, entender as regras, para depois podermos passar por elas e fazer as coisas à nossa maneira.
Eu sei que o post está enorme, mas juro que estou quase a terminar.
Houve uma altura da palestra em que ele falou de todos os temas ao mesmo tempo, relacionando-os uns com os outros, contou-nos que, juntamente com uns amigos, tentou abrir uma revista sobre informática. Não me recordo do nome da revista, mas posso dizer-vos que apenas teve uma edição e nada mais. Não foi pelo conteúdo que era mau, mas pela falta de organização."O sucesso dá trabalho", disse ele. E todos nós concordamos, porque temos de ter noção de que não é o pensar alto que nos fará mais e melhores, é o pensar bem, medir as consequências do que queremos.
Lá para o final da palestra, tomando parte do título daquela apresentação “Celebrações e ressacas de um...” lamento, não me recordo do resto do título, mas enfim, moving on… o final da palestra Luís Moniz disse: "A vida tem mais celebrações do que ressacas." E, a partir desse momento, esta frase tornou-se numa das minhas frases de eleição, porque faz-nos pensar que as coisas boas acontecem e nós é que não as sabemos valorizar, nem recordar com o devido respeito, interesse e inteligência.
Agora, para finalizar, recordem-se que o curso do nosso convidado era Geologia e uma colega minha perguntou: "Por acaso, fez alguma coisa relacionada com o curso de Geologia?"
E a resposta dele satisfazes-me: “Não, a minha licenciatura serviu de alicerce para tudo aquilo que eu acabei por fazer.”
O nosso convidado trabalha hoje no mundo da informática e prepara-se para tirar uma Licenciatura em Filosofia, porque é algo que lhe interessa bastante.
No final da palestra, o professor de Educação Física decidiu fazer um à parte de tudo o que tinha ouvido e concluir o que havia escutado: "O meu colega comentou que, para sermos realmente bons em algo que gostamos, temos de investir 10 mil horas de trabalho nessa mesma coisa e isso não é nada mais, nada menos, do que um ano e dois meses de trabalho, sem parar. Sem contar com o descanso, a família, etc."… "Se não fizermos nada por gosto, nem vale a pena fazê-lo."
É complicado dizer o porquê de isto me ter afetado pessoalmente, mas, prometo fazer um post sobre isso. Todavia, o qeu quero dizer, é que ele, naquele momento, não me podia ter dito nada mais acertado.

E termina o post gigante.
Nameless

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